quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sobre escrever em outros idiomas, sobre conviver com outros idiomas


Acho que umas das minhas  fascinações de poder estar e viver em Barcelona têm um pouco a ver com a diversidade de gente que anda e vive por aqui e de idiomas com que nos deparamos cotidianamente.

Interessante é quando nos damos por conta de que já não sabemos mais em qual idioma estamos falando ou quando paramos para observar/escutar alguém no metro e não sabemos identificar em que língua a pessoa está falando.

Lembro-me dos primeiros meses em Barça  e eu no metro completamente paralisada tentando compreender que idioma falavam. Tanta gente e tanta diversidade!
Lembro-me também quando falava em castelhano e a pessoa respondia em inglês... (rsrsrs)!!!

Aliás, tem palavras que não consigo traduzir para o português, tenho a sensação que perde o sentido, o sentido e a relação construída por mim com tal palavra. Trago algumas como exemplo: Desarrollar – Cambio – Desplazar - plantear...

Quando decidi escrever a tese multilíngue, isso em 2008, um dos primeiros motivos era pela experiência de viver e praticar todos estes idiomas, nas dificuldades de não ser compreendida (mesmo que o castelhano seja parecido com o português) e nos desafios em escrever em um idioma novo.

Depois de alguns meses quando retornei ao Brasil, em 2009, percebi que em meu computador havia 2 pastas em relação a tese de doutorado chamadas: Goiânia e a outra Barcelona. Curiosamente na pasta chamada Goiânia os textos que escrevia estavam todos em português e na pasta Barcelona eram textos que escrevia quando estava aqui e todos escritos em castelhanos. Era como se aqui (BCN) eu não conseguisse escrever em português e em Goiânia não conseguia em castelhano.

Com o passar do tempo tive outras razoes para acreditar em uma tese multilíngue.

Nas entrevistas com os sujeitos brasileiros, os idiomas são frequentemente trocados, (re)adaptados e utilizados em constante sintonia. Na maioria das vezes de forma inconsciente.

Em algum post anterior, comentei que não estou escrevendo capítulos e sim cartas. 
Pois então, o idioma de carta depende de seu interlocutor. Se me comunico com certo interlocutor em castelhano, o idioma  da carta é/será o castelhano.

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Cada vez que posto alguma coisa no blog fico durante alguns dias, editando o texto, porque encontro inúmeros erros de português ou castelhano. 
Um dos problemas de escrever em outro idioma e principalmente uma tese multilíngue é o preço que irá sair a revisão: uma revisão em português, outra em castelhano e outra em inglês.

A palavra ‘estrangeiro’, por exemplo, toda vez que escrevo vou até o Google para ver em qual idioma é com x ou s e ainda j ou gEstrangeiro – Extranjero.

Bom, para finalizar este post compartilho esta imagem que salvei no meu computador a alguns anos atrás, mas sempre que posso volto nela, porque para mim é (e permanece) bastante emblemática - Barcelona, uma cidade de muitos idiomas...








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