Acho que umas
das minhas fascinações de poder estar e viver em Barcelona têm um pouco a ver com a diversidade de
gente que anda e vive por aqui e de idiomas com que nos deparamos cotidianamente.
Interessante é
quando nos damos por conta de que já não sabemos mais em qual idioma estamos
falando ou quando paramos para observar/escutar alguém no metro e não sabemos
identificar em que língua a pessoa está falando.
Lembro-me dos
primeiros meses em Barça e eu no metro
completamente paralisada tentando compreender que idioma falavam. Tanta gente e
tanta diversidade!
Lembro-me também
quando falava em castelhano e a pessoa respondia em inglês... (rsrsrs)!!!
Aliás, tem
palavras que não consigo traduzir para o português, tenho a sensação que perde
o sentido, o sentido e a relação construída por mim com tal palavra. Trago algumas como exemplo: Desarrollar – Cambio – Desplazar - plantear...
Quando decidi escrever
a tese multilíngue, isso em 2008, um dos primeiros motivos era pela experiência
de viver e praticar todos estes idiomas, nas dificuldades de não ser
compreendida (mesmo que o castelhano seja parecido com o português) e nos desafios
em escrever em um idioma novo.
Depois de alguns meses quando retornei ao Brasil, em 2009, percebi que em meu computador havia 2 pastas em relação a tese de doutorado chamadas: Goiânia e a outra Barcelona. Curiosamente na pasta chamada Goiânia os textos que escrevia estavam todos em português e na pasta Barcelona eram textos que escrevia quando estava aqui e todos escritos em castelhanos. Era como se aqui (BCN) eu não conseguisse escrever em português e em Goiânia não conseguia em castelhano.
Com o passar do
tempo tive outras razoes para acreditar em uma tese multilíngue.
Nas entrevistas
com os sujeitos brasileiros, os idiomas são frequentemente trocados, (re)adaptados
e utilizados em constante sintonia. Na maioria das vezes de forma inconsciente.
Em algum post
anterior, comentei que não estou escrevendo capítulos e sim cartas.
Pois então,
o idioma de carta depende de seu interlocutor. Se me comunico com certo
interlocutor em castelhano, o idioma da carta é/será o
castelhano.
...........................
Cada vez que
posto alguma coisa no blog fico durante alguns dias, editando o texto, porque
encontro inúmeros erros de português ou castelhano.
Um dos problemas de escrever em outro idioma e principalmente uma tese multilíngue é o preço que irá sair a revisão: uma revisão em português, outra em castelhano e outra em inglês.
A palavra ‘estrangeiro’, por exemplo, toda vez que
escrevo vou até o Google para ver em qual idioma é com x ou s e ainda
j ou g - Estrangeiro – Extranjero.
Bom, para finalizar este post compartilho esta imagem que salvei no meu computador a alguns anos atrás, mas sempre que posso volto nela, porque para mim é (e permanece) bastante emblemática - Barcelona, uma cidade de muitos idiomas...
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