sábado, 19 de janeiro de 2013

Sim, porque hoje é dia de feijoada!


Nos últimos meses tenho pensado sobre os vínculos e os encontros da vida, naqueles que construímos em outros países: encontros de aprendizagem e de amizade. Sim, porque toda amizade é uma aprendizagem.

Meu vinculo com Barcelona sempre foi muito intenso e acredito que a amizade foi um dos motivos que fizesse com que meu coração sempre estivesse por estes lados do mediterrâneo.

Esta semana, em especial, escrevendo a 3ª carta da tese, para minhas amigas, retomei o livro Retratos do estrangeiro: identidade brasileira, subjetividade e emoção da autora Claudia Barcellos Rezende para retomar ideias e temas que trabalha a autora no livro e principalmente reler um capitulo que trata das emoções e os vínculos de amizade que se constroem em outro país. O livro examina a problemática geral das identidades nacionais e levam a autora a pesquisar, como pessoas que fizeram pós-graduação no exterior experimentaram ser um estrangeiro brasileiro.

Encontrei um vídeo na internet interessante sobre o tema da amizade. Nesta entrevista que aborda o tema através da fala de experiências e espaços diversos, Claudia comenta que ao realizar seu estudo comparativo percebeu que “aqui (Brasil) a amizade era usada muito como sentimento e por isso ela pode estar presente em várias relações: relações de trabalho, relações de rua”.



Voltando ao livro para relacioná-lo com minhas experiências de amizade aqui em Barcelona, dei-me por conta quais amizades foram conservadas durante o período de 2006-2009, mas também como estás foram construída.

Lembro-me perfeitamente que ao chegar a Barcelona preferia estar mais “perto” das pessoas daqui. Queria ter a oportunidade de conhecer outras pessoas, outras culturas e também praticar outros idiomas e observava que muitos brasileiros se fechavam em nichos e só conviviam com brasileiros.

Com o passar dos anos, dei-me por conta que meu circulo de amizades era de brasileiros. Não só isso, a musica que escutava era brasileira, minha alimentação tinha fortes características da comida brasileira e até mesmo o sabonete que eu usava era brasileiro.
(Meus amigos sabem bem da minha obsessão por sabonetes, que aqui ficou bem mais forte, porque eu não gostava dos sabonetes que vendiam. Cada vez que algum deles ia para o Brasil trazia em sua maleta sabonetes. Quando voeltei para o Brasil, em março de 2009, distribui sabonetes para todas as amigas).

 E daquilo que eu tentei me afastar durante algum tempo, passou a fazer parte da minha vida em Barcelona, indiscutivelmente. Não é questão de negar sua cultura, exatamente o contrário disso, aprender de outras para dialogar com a sua. Estar fora, colocar-se desde fora é essencial para compreender certas coisas/atitudes e práticas para mim atualmente.

Claudia Barcelos no livro compartilha falas interessantes dos sujeitos da pesquisa que realizou:

O sujeitos trazem expressões como: “nacionalismo qualificado” - “eu fingia que não era brasileira para não entrar na rede de brasileiros” – “eu comecei a ser brasileiro lá” – “a vida é mais fácil, mais organizada” – “coisas de primeiro mundo” – “eu continuava espectadora: ...mas foi legal, isso foi interessante”...

Estes recortes, feitos por mim do livro da pesquisadora anteriormente citada, foram tiradas do contexto em que foram inseridas, isso não quer dizer que tenham perdido seu sentido.
Os que lerem este post e que já viveram alguma experiência como estrangeiro com certeza se identificarão com alguma fala compartilhada aqui.

Fico por aqui hoje, porque como comentei no titulo, hoje é dia de feijoada :)







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