quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

é preciso muito mais!


Aos poucos começamos a ver uma mudança. Eu sou confiante que estes programas, se bem administrados e cuidados, podem promover uma mudança considerável no nosso sistema educacional.

O que considero importante é que todos brasileiros (independentes de partidos políticos)  conheçam estes programas, estas novas oportunidades, mesmo que a sua área não seja da educação ou do ensino superior. Precisamos nos comprometer mais como cidadãos e para isso é importante sair da nossa zona de conforto: só ler e conhecer aquilo que diz respeito a nossa área profissional não nos torna pessoas comprometidas com a mudança, com nosso país. É preciso muito mais!


Vejam a seguir a reportagem!


Estudo sobre o Prouni em SP mostra que renda cresceu em 73% dos casos.Na maioria dos casos, diploma dos egressos é o primeiro da família. Professora da PUC-SP entrevistou 150 ex-bolsistas do programa do MEC.


sábado, 19 de janeiro de 2013

Sim, porque hoje é dia de feijoada!


Nos últimos meses tenho pensado sobre os vínculos e os encontros da vida, naqueles que construímos em outros países: encontros de aprendizagem e de amizade. Sim, porque toda amizade é uma aprendizagem.

Meu vinculo com Barcelona sempre foi muito intenso e acredito que a amizade foi um dos motivos que fizesse com que meu coração sempre estivesse por estes lados do mediterrâneo.

Esta semana, em especial, escrevendo a 3ª carta da tese, para minhas amigas, retomei o livro Retratos do estrangeiro: identidade brasileira, subjetividade e emoção da autora Claudia Barcellos Rezende para retomar ideias e temas que trabalha a autora no livro e principalmente reler um capitulo que trata das emoções e os vínculos de amizade que se constroem em outro país. O livro examina a problemática geral das identidades nacionais e levam a autora a pesquisar, como pessoas que fizeram pós-graduação no exterior experimentaram ser um estrangeiro brasileiro.

Encontrei um vídeo na internet interessante sobre o tema da amizade. Nesta entrevista que aborda o tema através da fala de experiências e espaços diversos, Claudia comenta que ao realizar seu estudo comparativo percebeu que “aqui (Brasil) a amizade era usada muito como sentimento e por isso ela pode estar presente em várias relações: relações de trabalho, relações de rua”.



Voltando ao livro para relacioná-lo com minhas experiências de amizade aqui em Barcelona, dei-me por conta quais amizades foram conservadas durante o período de 2006-2009, mas também como estás foram construída.

Lembro-me perfeitamente que ao chegar a Barcelona preferia estar mais “perto” das pessoas daqui. Queria ter a oportunidade de conhecer outras pessoas, outras culturas e também praticar outros idiomas e observava que muitos brasileiros se fechavam em nichos e só conviviam com brasileiros.

Com o passar dos anos, dei-me por conta que meu circulo de amizades era de brasileiros. Não só isso, a musica que escutava era brasileira, minha alimentação tinha fortes características da comida brasileira e até mesmo o sabonete que eu usava era brasileiro.
(Meus amigos sabem bem da minha obsessão por sabonetes, que aqui ficou bem mais forte, porque eu não gostava dos sabonetes que vendiam. Cada vez que algum deles ia para o Brasil trazia em sua maleta sabonetes. Quando voeltei para o Brasil, em março de 2009, distribui sabonetes para todas as amigas).

 E daquilo que eu tentei me afastar durante algum tempo, passou a fazer parte da minha vida em Barcelona, indiscutivelmente. Não é questão de negar sua cultura, exatamente o contrário disso, aprender de outras para dialogar com a sua. Estar fora, colocar-se desde fora é essencial para compreender certas coisas/atitudes e práticas para mim atualmente.

Claudia Barcelos no livro compartilha falas interessantes dos sujeitos da pesquisa que realizou:

O sujeitos trazem expressões como: “nacionalismo qualificado” - “eu fingia que não era brasileira para não entrar na rede de brasileiros” – “eu comecei a ser brasileiro lá” – “a vida é mais fácil, mais organizada” – “coisas de primeiro mundo” – “eu continuava espectadora: ...mas foi legal, isso foi interessante”...

Estes recortes, feitos por mim do livro da pesquisadora anteriormente citada, foram tiradas do contexto em que foram inseridas, isso não quer dizer que tenham perdido seu sentido.
Os que lerem este post e que já viveram alguma experiência como estrangeiro com certeza se identificarão com alguma fala compartilhada aqui.

Fico por aqui hoje, porque como comentei no titulo, hoje é dia de feijoada :)







terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Paulo Freire e suas cartas

Nestas ultimas horas do dia dediquei-me a ler Paulo Freire. 
Mas e o que tem a ver Paulo Freire com o tema da tese?

Acreditem: eu não lembrava que muitos dos livros escritos por ele eram/são em forma de cartas.
Que fascinante quando tudo começa a conectar e as referencias chegam por todos os lados.

Selecionei um trecho do livro  "Professora sim, tia não - cartas a quem ousa ensinar", especificamente da introdução, da qual me leva a pensar em 3 questões: nosso compromisso como investigadores, o prazer/satisfação que nos move a investigar algo e principalmente a abertura para conhecer outros posicionamentos...


..."Não sei se quem leia este livro perceberá facilmente o prazer com que o escrevi. Foram quase dois meses em que à sua redação entreguei parte de meus dias, o maior tempo em meu escritório, em nossa casa, mas também em aviões e quartos de hotéis. Mas não foi apenas com prazer que escrevi este trabalho. Escrevi-o tocado por um forte sentido de compromisso ético-político e com decidida preocupação em torno da comunicação que busco estabelecer a todo instante com seus prováveis leitores e leitoras.
Precisamente porque estou convencido de que a produção da compreensão do texto não é tarefa exclusiva do seu autor, mas também do leitor, me experimentei durante todo o tempo em que o escrevi no exercício de desafiar as leitoras e leitores a entregar-se à ocupação de produzir também sua compreensão e minhas palavras. Daí as observações e as sugestões que fiz, com medo quase de cansar os leitores para, usando instrumentos como dicionários, enciclopédias não abandonar a leitura de nenhum texto por não conhecer a significação técnica desta ou daquela palavra.
Espero confiante que nenhuma leitora ou leitor deixará de ler este livro em sua totalidade simplesmente porque lhe tenha faltado a decisão de trabalhar um pouco mais. Que abandone a leitura porque o livro não lhe agrade, porque o livro não coincida com suas aspirações político-pedagógicas, isso é um direito que lhe assiste. De qualquer maneira, porém, é sempre bom ler textos que defendem posições políticas diretamente opostas às nossas. Em primeiro lugar, ao fazê-lo, vamos aprendendo a ser menos sectários, mais radicais, mais abertos; em segundo lugar, terminamos por descobrir que aprendemos também não apenas com o diferente de nós, mas até com o nosso antagônico".
(introdução, 1997:10)


  • Comentário um: fico lembrando das muitas defesas que assisti onde a banca insistentemente tenta convencer que está certo e usa da "sua" autoridade para mostrar que está certo.
  • Comentário dois: Tocar e ser tocado vale para os dois lados!
  • Comentário três: claro que existem suas exceções!
  • Comentário quatro: postei ano passado no facebook esta frase e que neste momento parece que encaixa..."es necesario enamorarse en una investigación o sino no hay complicidad entre tú y ella! Verdade seja dita: quanta investigação por ai em que se percebe a falta de cumplicidade entre tema e investigador"...


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

E se você fosse um estudante estrangeiro, como compartilharia suas experiências?

Desde que iniciei este blog tenho encontrado  na internet muitos blogs pessoais de brasileiros que compartilham sua experiência de estar e viver em terras estrangeiras. Digo brasileiros, porque vou em busca destes, já que na pesquisa de doutorado os estudantes são brasileiros. Me parece que o blog é uma boa estratégia para compartilhar experiências. Nota-se sempre o desejo de compartilhar o vivido e aqui abro um parêntesis – (lembro-me quando enviei uma mensagem pela lista da Apec [associação dos pesquisadores e estudantes brasileiros na Catalunha], convidando-os a participar da pesquisa que iniciava no doutorado. Minha maior ansiedade e dúvida naquele momento: quem vai querer contar sua história? Porque contar?... Uauuuu!!! Fiquei muito surpresa além de muito feliz, claro, porque recebi muitas mensagens de estudantes querendo participar. Recordo que enviei a mensagem e sai com alguns amigas. (Na volta, ao abrir minha caixa de emails, lembro melhor ainda da minha surpresa ao ver e ler as mensagens)...
http://www.apecbcn.org/

Numa destas visitas a blogs de estudantes estrangeiros encontrei vários textos/frases/poemas interessantes que compartilho aqui:

“Deveria ser proibido debochar de quem se aventura em língua estrangeira.”
(Chico Buarque, Budapeste)

MORAR FORA (Tom Jobim)
(em todos blogs que encontrei esta referencia, as pessoas não tem certeza se foi realmente Tom Jobim que escreveu)

Não é apenas aprender uma nova língua.
Não é apenas caminhar por ruas diferentes ou conhecer pessoas e culturas diversificadas.
Não é apenas o valor do dinheiro que muda.
Não é apenas trabalhar em algo que você nunca faria no seu país.
Não é apenas conquistar um diploma ou fazer um curso diferente.
Morar fora não é só fazer amigos novos e colecionar fotos diferentes.
Não é só ter horários malucos e ver sua rotina se transformar.
Não é só aprender a se virar, lavar, passar, cozinhar.
Não é só comer comidas diferentes, pagar suas contas e se preocupar com o aluguel.
Não é só não ter que dar satisfações e ser dona do seu nariz.
Não é só amar o novo, as mudanças e também sentir saudades de pessoas queridas e algumas coisas do seu país.
Não é apenas já saber que é alguém do Brasil ligando quando toca seu celular e aparece numero privado.
Não é só a distância.
Não são apenas as novidades.
Não é só uma nova vista ao abrir a janela.
Morar fora é se conhecer muito mais...
É amadurecer e ver um mundo de possibilidades a sua frente.
É ver que é possível sim, fazer tudo aquilo que você sempre sonhou e que parecia tão surreal.
É perceber que o mundo está na sua cara e você pode sim, conhecê-lo inteiro.
É ver seus objetivos mudarem.
É mudar de idéia.
É colocar em prática.
É ver sua mente se abrir muito mais, em todos os momentos.
É se ver aberto para a vida.
É não ter medo de arriscar.
É aceitar desafios constantes.
É se sentir na Terra do Nunca
É querer voltar e não conseguir se imaginar no mesmo lugar.
Morar em outro pais é se surpreender com você mesmo.É se descobrir e notar que na verdade, você não conhecia a fundo algo que sempre achou que conhecia muito bem: Você mesmo!

Blogs visitados para este post:

http://suemlyon.blogspot.com.es/2012/06/como-advogar-no-exterior.html
http://mari-dublinando.blogspot.com.es/
http://dannyaupair.blogspot.com.es/2012/08/morando-fora.html

sábado, 5 de janeiro de 2013

primeira postagem do ano

A minha primeira postagem faz referencia ao ato de viajar. Há dias venho pensando qual deveria ser o tema da minha próxima postagem no blog. Desde que cheguei a Barcelona tenho tentado de várias maneiras aproximar todas as minhas ações cotidianas da minha relação com a tese e por isso este post trata do tema viagem/viagens.


Viagem tem a ver com esta tese: do inicio ao fim! 
  • Viagem, enquanto deslocamento, trânsito, mudança e principalmente como movimento.
  • Viagem aqui significa sair do lugar, da zona de conforto.
  • Viagem como um ato de transformação pessoal que ocorre  em contato com o outro, com os outros. "outro: entendido com tudo - não só pessoas".
  • Viagem também tem a ver com identidade e consequentemente: descentralização/, deslocamento/fragmentação.
  • Viagem como metáfora mas também como o ato literal de viajar.
Quando cheguei a Barcelona em 2006, lembro-me que estar em BCN bastava. Como vim para cá sem bolsa, sem trabalho e com dinheiro para alguns meses não estava incluído nos meus planos viajar. Não porque eu não quisesse, mas porque eu sabia que minhas condições financeiras não me permitiam tal luxo. Mesmo assim não deixava de entrar nos sites das companhias áreas para ver os preços e claro imaginar qual poderia ser meu destino.

Lembro-me com perfeição de todas as viagens que fiz quando morava aqui. A primeira delas foi no natal de 2006 na casa de uma amiga em Madrid. Fui de ônibus, aproximadamente umas 8 horas. Para quem viajava 38 horas de Goiânia a Santa Maria, realmente às 8 horas eram tranquilas. Naquela época era o que eu podia. Minha segunda viagem foi para Portugal com minha madrinha, em abril de 2008. Nesta época as condições financeiras já estavam melhores e pude ir além do imaginar.

Foi então que percebi que já não bastava mais estar em Barcelona, eu queria era conhecer também outros lugares. Comecei a guardar dinheiro na poupança. Não era muito, mas era o suficiente para de vez em quando conhecer outros lugares.

Viajar no Brasil aquela época era bem difícil e caro, alias não era somente naquela época, continua sendo caro, mesmo com a falsa ilusão criada pelas companhias áreas com suas inúmeras promoções.

E passei a viajar e passei a amar a viajar. Minha ultima casa em Barcelona no período em que morei de 2006 a 2009, tínhamos um mapa na parede da sala. Compartilhava piso com mais 2 amigas e cada uma de nós ao retornar de uma viagem colocava um alfinete colorido para deixar registrado o lugar que tinha conhecido. Esta prática se tornou um tipo de "ritual" e muitas vezes ficávamos em frente ao mapa recordando.



Neste final de ano eu e o Leonardo decidimos viajar. Nosso destino escolhido foi Istambul. Para a consciência não pesar durante a viagem, já que quem faz uma tese deve estar concentrada e escrevendo diariamente, levamos computador e os arquivos para que eu pudesse trabalhar pelo menos um pouquinho.

Istambul me surpreendeu em todos os sentidos: para mim uma cidade incrivelmente incrível para ser mais redundante. Diferente de todas que havia conhecido anteriormente. Não é muita organizada e limpa, mas me pareceu segura. Gostei da irreverência dos turcos: são simpáticos e na maioria das vezes solícitos. Quando viajo sempre busco relatos de pessoas que já conheceram o lugar para saber como é, e como funciona certas coisas como transporte publico, alimentação, etc. Antes de chegar a Istambul alguns amigos aconselharam-nos sobre algumas coisas e nos deram sua visão sobre a cidade. É verdade que cada um constrói sua experiência com a cidade, e a nossa sobre Istambul parece ter sido diferente das versões relatadas por nossos amigos.


 





 


Coincidentemente no período em que estávamos em Istambul um amigo postou no facebook a seguinte frase – tem gnt q viaja e leva consigo o lugar de onde é, mas tem aqueles outros, q a cada lugar q visita, toma as cores e os aromas do lugar q passa, como um camaleão vai mudando de acordo com a paisagem, sou desses”...

Pensei comigo mesma: tem gente que não leva nada do lugar...

***********************************************************************************************************
Será que voltamos diferentes de todas as viagens? 
Acredito que mesmo em viagens "curtas" se pode aprender do lugar, das pessoas, dos costumes. 
Acredito que sempre voltamos mais aptos e desejosos para experimentar  o mundo.
Tem gente que viaja para dizer que viajou, mas mesmo assim, viaja!
Tem gente que não sai do lugar mas consegue viaja muito. Será mesmo que é possível?
************************************************************************************************************

Outra ideia (importante ideia) - os sujeitos da pesquisa também destacam esta experiencia "a de viajar" nos seus relatos. Alguns comentam que uma das grandes vantagens de estar morando em Barcelona, é a oportunidade de viajar e conhecer outros países.

************************************************************************************************************

Finalizando -  tomemos as cores e os aromas do lugar que passamos para aprender sobre nós mesmos e sobre o que cada viagem pode nos ensinar da vida e do momento em que estamos vivendo!