terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Paulo Freire e suas cartas

Nestas ultimas horas do dia dediquei-me a ler Paulo Freire. 
Mas e o que tem a ver Paulo Freire com o tema da tese?

Acreditem: eu não lembrava que muitos dos livros escritos por ele eram/são em forma de cartas.
Que fascinante quando tudo começa a conectar e as referencias chegam por todos os lados.

Selecionei um trecho do livro  "Professora sim, tia não - cartas a quem ousa ensinar", especificamente da introdução, da qual me leva a pensar em 3 questões: nosso compromisso como investigadores, o prazer/satisfação que nos move a investigar algo e principalmente a abertura para conhecer outros posicionamentos...


..."Não sei se quem leia este livro perceberá facilmente o prazer com que o escrevi. Foram quase dois meses em que à sua redação entreguei parte de meus dias, o maior tempo em meu escritório, em nossa casa, mas também em aviões e quartos de hotéis. Mas não foi apenas com prazer que escrevi este trabalho. Escrevi-o tocado por um forte sentido de compromisso ético-político e com decidida preocupação em torno da comunicação que busco estabelecer a todo instante com seus prováveis leitores e leitoras.
Precisamente porque estou convencido de que a produção da compreensão do texto não é tarefa exclusiva do seu autor, mas também do leitor, me experimentei durante todo o tempo em que o escrevi no exercício de desafiar as leitoras e leitores a entregar-se à ocupação de produzir também sua compreensão e minhas palavras. Daí as observações e as sugestões que fiz, com medo quase de cansar os leitores para, usando instrumentos como dicionários, enciclopédias não abandonar a leitura de nenhum texto por não conhecer a significação técnica desta ou daquela palavra.
Espero confiante que nenhuma leitora ou leitor deixará de ler este livro em sua totalidade simplesmente porque lhe tenha faltado a decisão de trabalhar um pouco mais. Que abandone a leitura porque o livro não lhe agrade, porque o livro não coincida com suas aspirações político-pedagógicas, isso é um direito que lhe assiste. De qualquer maneira, porém, é sempre bom ler textos que defendem posições políticas diretamente opostas às nossas. Em primeiro lugar, ao fazê-lo, vamos aprendendo a ser menos sectários, mais radicais, mais abertos; em segundo lugar, terminamos por descobrir que aprendemos também não apenas com o diferente de nós, mas até com o nosso antagônico".
(introdução, 1997:10)


  • Comentário um: fico lembrando das muitas defesas que assisti onde a banca insistentemente tenta convencer que está certo e usa da "sua" autoridade para mostrar que está certo.
  • Comentário dois: Tocar e ser tocado vale para os dois lados!
  • Comentário três: claro que existem suas exceções!
  • Comentário quatro: postei ano passado no facebook esta frase e que neste momento parece que encaixa..."es necesario enamorarse en una investigación o sino no hay complicidad entre tú y ella! Verdade seja dita: quanta investigação por ai em que se percebe a falta de cumplicidade entre tema e investigador"...


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